terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Segredos e assuntos randômicos

Depois que fecho o caderno e guardo as canetas bruscamente usadas, gosto de conversar com alguns poucos amigos que me acompanham até o presente momento. Às vezes falamos sobre as vantagens de sermos um trio encapsulado em gigantes paredes invisíveis. Às vezes falamos sobre pessoas que estão fora dessas tais paredes. E às vezes falamos sobre muitos assuntos randômicos, quase sempre chegamos a conclusões muito eficazes. Há muitas coisas no mundo que são difíceis de esconder, mas um segredo não é uma delas. É difícil esconder um trem, por exemplo, porque você precisaria encontrar uma estação adequada, além de contratar um maquinista para enfiá-lo lá na calada da noite, mas esconder um segredo sobre um trem é fácil. É difícil esconder um lobo inoportuno e assustador, mas é fácil esconder um segredo sobre um. Certa vez falamos sobre qual parte de uma fera inoportuna e assustadora é mais inoportuna e assustadora; chegamos a um desacordo, pois ele disse que são os dentes, ela disse que são as garras, mas insisti dizendo que é a barriga. Ora, veja bem, quando se está na barriga do lobo, significa que já passou pelas garras e até mesmo pelos dentes, é quando se está encurralado. Por essa simples razão, estar "na barriga da fera" se tornou uma expressão tão usada quando não há esperanças, e não é uma expressão que alguém vá querer usar. O nosso maior inimigo é a falta de humor.

Caroline Souza, terça-feira.